quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Jornalismo

É uma certeza com meia dúzia de anos. E durante meia dúzia de anos, foram muitas as sentenças em tom irónico, como se estivesse a trilhar um caminho sem saída, irremediavelmente directo a um precipício.
Durante seis anos, fui amadurecendo a certeza de um futuro. Embalei a ideia, deixei-a crescer e entusiasmei-me; escolhi o curso sem dúvidas, incertezas ou hesitações e hoje, no prólogo do último ano da licenciatura, continuo com a mesma certeza de há seis anos. A certeza de que o meu futuro passa pelo jornalismo.
Os vaticínios da desgraça, as previsões de um emprego precário, ou mesmo as conjecturas de um destino no desemprego, já fazem parte do quotidiano. Não fosse a certeza tão absoluta e tão enérgica, ter-me-ia deixado abalar.
Eu quero ser jornalista porque gosto de todos os assuntos, de uma forma geral. Porque sou curiosa, porque gosto do que é actual, do que é passado e do que vai ser o futuro. Eu quero ser jornalista porque gosto da liberdade do cruzamento entre as ciências e as letras, entre o bom e o mau, entre o real e o ficcional, entre áreas tão vastas e tão distintas como a história, o cinema e a matemática. Eu quero ser jornalista pelo contacto directo com as pessoas, pelo prazer de ouvir histórias e (re)contá-las, pela ambição de descobrir o que está oculto, como quando era pequena e jogava às escondidas.
Com uma esferográfica e um bloco de notas na mão, os jornalistas percorrem caminhos nunca antes percorridos, procuram explicações, querem denunciar e apregoar. No jornalismo, é preciso abdicarmos de nós para dar aos outros, para lutar com corpo e alma por um mundo melhor, mais transparente e informado. Haverá trabalho mais digno e completo do que este?
Se vou ser sempre pobre com esta profissão? Talvez. Mas se a verdadeira riqueza está na felicidade de um desejo realizado e no sentimento de um dever cumprido, então não haverá ninguém mais abastado do que eu. Ninguém mais rico do que eu, jornalista, que com orgulho continuo a esboçar um leve sorriso desafiador aos vaticínios dos profetas da desgraça.

5 comentários:

  1. Quem "fala" assim, merece e deve ser jornalista :')

    Boa sorte*

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  2. "Se vou ser sempre pobre com esta profissão? Talvez. Mas se a verdadeira riqueza está na felicidade de um desejo realizado e no sentimento de um dever cumprido, então não haverá ninguém mais abastado do que eu. Ninguém mais rico do que eu, jornalista, que com orgulho continuo a esboçar um leve sorriso desafiador aos vaticínios dos profetas da desgraça."

    Não diria melhor. Gostei (muito).
    :)

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