quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

E assim terá valido a pena

"De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que estamos apenas a começar,
A certeza de que é preciso continuar,
E a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Façamos da interrupção um caminho novo,
Da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma parte da procura e do encontro.
E assim terá valido a pena existir."

E se assim for, 2010 continuará a valer a pena.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Pequenos passos

Há três anos, Natal após Natal, a apresentadora Catarina da pequena festa da terra vai-me dizendo que estou a fazer a coisa certa. O sorriso abre-se, compassado com o bater do coração, enquanto subo os degraus do palco. É assim há três anos, Natal após Natal.
A comunicação é o meu mundo, é a minha praia. O resto penso depois.






CATARINA: Os ritmos brasileiros invadiram as nossas pistas de dança e já são poucos os que ainda lhes conseguem resistir. Em passo de samba e embrulhadas em sensualidade, as músicas do país irmão fazem esquecer o frio e transportam-nos para um areal quente, onde o Sol queima a pele.

DOMINGOS: E se eles disserem “ você não vale nada mas eu gosto de você” não leve a peito. É por gostarem de vocês que os nossos pequenos dançarinos vão trazer o Verão até este palco. Palmas.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Tic tac

(Três) Conto sempre no calendário os dias que faltam para não sei bem o quê. (Dois) E quando o nao sei bem o quê se aproxima começo a contar pelos dedos das mãos. (Um) E depois conto as horas e os minutos pelos ponteiros do relógio, tic tac. (Zero) Passou.
E eu chego à conclusão que gastei mais tempo a pensar na passagem do tempo do que em saborear o momento. Quero sempre voltar atrás, fazer diferente, aproveitar, repetir. Acho sempre que podia ter rido mais, falado mais, dançado mais, dormido menos.
O tempo é vagabundo. O tempo droga-nos com o seu passar silencioso, percorre todas as memórias e vai com a brisa. Veste-se com tons discretos e canta baixinho, anda solteiro e morre só.
Mas não, o tempo não passa depressa demais. Nós é que não pensamos muito nele, senão no dia em que ele acaba.

domingo, 29 de novembro de 2009

Li as 385 páginas de “ O amor nos tempos de cólera” numa semana, angustiada pelo pensamento de que teria inevitavelmente uma última linha. E só não li de um sorvo porque os pequenos (grandes) prazeres querem-se trincados aos bocadinhos, para retardar o final.
Florentino Ariza conheceu o amor da sua vida, Fermina Daza, quando a mocidade o chamava à aventura. No entanto, nem mesmo a oposição feroz do pai da dama ao romance platónico impediu a sua luta pelo coração dela. Escreveu-lhe tantas cartas que Fermina começou a empacotá-las ordeiramente dentro de caixas, depois de ler e reler, vezes sem conta, cada palavra apaixonada, cada folha impregnada de um sentimento tão altivo quanto verdadeiro. Fez-lhe serenatas com um violino à janela, enquanto cantava os versos que ele próprio compunha. O cliché fica completo com o Dr. Juvenal Urbino, médico famoso, um homem culto e activo, que luta pela erradicação da cólera e ganha Fermina, construindo um casamento feliz. Mas o amor de Florentino não desvaneceu nem sucumbiu, antes fortaleceu, mais na certeza do que na esperança, que um dia o coração da eterna amada seria seu, outra vez. Fornicou com centenas de mulheres e fez-se rico. Seguiu a vida de Fermina de perto e pensou nela todas as noites, até ao dia em que pôde tê-la, finalmente, nos seus braços. Tinham passado cinquenta e quatro anos onze meses e 3 dias.
Cada vez me convenço mais de que os Florentinos são uma espécie em vias de extinção. Já ninguém escreve longas cartas apaixonadas às Ferminas deste mundo, nem há violinos que toquem junto aos parapeitos das janelas, à espera de um simples sorriso. Acredito que haja histórias de amor verdadeiras, aquelas ao estilo novela mexicana da vida real, mas as formas de demonstração da paixão perderam a magia do antigamente. Hoje, é tudo demasiado fácil, sem graça e sem encanto.
A minha avó conta que teve de enfrentar a fúria da mãe para poder casar com o meu avô; a minha mãe tinha guardados numa caixa todos os postais que o meu pai lhe enviou, pelo correio, com poemas originais numa letra esforçada. E os meus pais moravam a cem metros um do outro. Infelizmente perderam-se as relíquias, porque o meu irmão resolveu recortá-los e oferecê-los à namoradinha da escola. Ele deve, com certeza, ser um dos poucos Florentinos que restam. Já eu, digo com lamento que nunca recebi uma carta de amor, nunca me fizeram uma serenata, nunca lutei por ninguém, nunca lutaram por mim; tenho para recordar e contar aos meus filhos dois e-mails com algumas frases parolas, comentários no hi5 e milhares de mensagens escritas, logo efémeras.
Imagino apenas a sensação incrível de abrir a caixa do correio, esconder o envelope debaixo do casaco e correr para um local seguro, ávida de sentir-lhe a textura, rasgá-lo com cuidado, cheirar o papel e ler lentamente cada palavra e cada frase, respirando em cada vírgula para retomar o fôlego, e ler nas entrelinhas e reler o texto vezes sem conta, embargada num sentimento delicioso, inexplicável. Que pena não ter nascido uns anos antes.
Os namoros de janela, que a muitos parecem desengraçados, são quanto a mim uma forma extremamente inteligente de alimentar a chama, porque serviam de aperitivo para os encontros clandestinos que se seguiam. A dificuldade de aproximação física, que hoje não existe, aguçava a saudade, o desejo de estar com a pessoa amada. Por consequência, esses encontros eram sempre intensos e verdadeiros.
O telemóvel, que deve ser a melhor invenção depois da roda (e da pílula, vá), é o big brother dos casais do século XXI. É vê-los, de cinco em cinco minutos, a mandar a sms para a cara metade : amr, tou no wc; xuxu estou a vestir a camisola; agora as meias xuxu; amt mt bebe”. Esta dependência doentia arruína toda a magia do reencontro. No fim do dia, já não têm novidades para contar, porque está tudo dito, foi tudo escrito.
A história de “O amor nos tempos de cólera”, que só faz sentido pela escrita incrível de Garcia Marquez, fez-me perceber tudo aquilo que se perdeu ao longo dos tempos nas relações. Hoje, já ninguém espera, já ninguém faz acontecer magia, já não há o romantismo que faz corar as maçãs do rosto e acelerar qualquer coração.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Estado de espírito:



Quase.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vai de metro, Satanás!

Porto Campanhã. Contumil. Rio Tinto. Águas Santas. Ermesinde. Cabeda. Susão. Valongo. São Martinho do Campo. Terronhas. Trancoso. Recarei. Parada.

Já sei de cor o nome de todas as estações e apeadeiros deste percurso que faço, dia após dia, às vezes noite após noite. Entro e pecorro o comboio com um olhar descarado que não disfarço, na esperança de encontrar alguém minimante conhecido, mas raramente sou bem sucedida. Segue-se o pânico habuitual do "onde é que eu meti o meu passe, rais parta não encontro a carteira no meio desta confusão, meu deus vem aí o pica."
O susto é evidente quando olho para alguém que não conheço e me apercebo que sei exactamente onde vai sair. Sei onde trabalha, o que faz, o nome dos filhos. Gosto de ouvir as conversas corriqueiras, mais por cusquice do que por ocupação de tempo morto, confesso. Descubro coisas incríveis, assustadoras, hilariantes. Uma vez uma mulher contava que o filho tinha preenchido um cupão quando estava a brincar aos supermercados com os amigos e, passado uns dias, parou-lhe um camião à porta com uma encomenda de electrodomésticos. Dessa vez, não consegui conter o riso (gargalhada, vá), ao imaginar a pobre senhora a tentar explicar que não tinha preenchido nada, que até dava jeito mas não tinha dinheiro para pagar semelhante coisa, que foi uma brincadeira do filho e os senhores a meterem o frigorífico, a máquina de lavar e o microondas dentro do camião e a irem embora, com o dia perdido.
E também gosto de ouvir as discussões das pessoas ao telemóvel.
“Próxima paragem, Parada”. Será que há alguém que repara que eu saio aqui?
Andar de transportes públicos é uma experiência sociológica extremamente rica e fascinante.

Adenda: A última frase é apenas para que a minha imagem com este post não saia demasiado denegrida.
Devo ser uma pessoa muito odiada pelas pessoas que viajam no comboio de Penafiel.

domingo, 15 de novembro de 2009

Colei.






"Intemporal, clássico e novo." Eu acrescento: brilhante.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

e por falar em (não) crescer...

à hora das refeições e à hora de dormir, sempre a bombar no meu vídeo, vezes sem conta, conta o meu pai.


sábado, 7 de novembro de 2009

" Porque é que é tão difícil crescer?"

Tenho um nó na garganta que não é figurativo, é real. Instalou-se aqui, qual senhor de si mesmo, e não diz quando vai embora, nem diz se vai. Dei-lhe um nome: chama-se Saudade.
Dos laços, da cor, da alegria, das asneiras, dos dias, da ingenuidade, da irresponsabilidade inocente. Da chama de uma magia que apagou.
Mas eu não posso ficar para sempre criança...
"If I turn into another dig me up from under
What is covering the better part of me
Sing this song (sing this song)
Remind me that we'll always have each other
When everything else is gone."

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Silêncio.

Silêncio,
De acordes absurdamente sonoros de paz,
De notas soltas de uma guitarra calada,
De trechos de uma música nunca cantada.
Silêncios que juntam todas as palavras, que conjugam todos os verbos.

Silêncio,
Para calar o eco ensurdecedor do demasiado.

(demasiado ruído, demasiadas vozes)

E assim em silêncio,
nota a nota,
sílaba a sílaba,
constróis o dó-ré-mi da tua própria melodia.






sábado, 31 de outubro de 2009

seis e vinte e nove

É cedo, muito cedo. O comboio das 6 e 29 é dos antigos, das janelas pequeninas. Não gosto, mas as janelas são inúteis a esta hora do dia ( da noite?).
As mulheres que entram em Recarei-Sobreira, exactamente três minutos depois de eu ter fechado os olhos, destroem qualquer vestígio do silêncio matutino; são tantas, falam demasiado alto e demasiado agudo. Conhecem-se todas umas às outras e sentam-se sempre nos bancos de quatro, umas perto das outras, para poderem discutir, durante os 37 minutos da viagem, sobre o que cozinharam para o jantar, as compras que fizeram, o preço do quilo do arroz, a vindima de 1987. Afinal, foi só durante os primeiros dez minutos, o resto do tempo é para falar da vida da vizinha.
A minha mãe vai comigo, mas já está mais habituada, às vezes acho que é ela a mais nova. Consegue manter um discurso coerente e até animado com uma amiga sobre as eleições. A esta hora, se eu abrir a boca, só vai sair disparate. Prefiro ficar calada com a cabeça encostada à janela, baba quase a escorrer, embrulhada de negro, com frio nas pernas.
O comboio das 6 e 29 é o meu maior trauma. O comboio das 6 e 29 faz-me pensar na vida.
Fechei os olhos, já não ouço as mulheres de Recarei, o discurso da minha mãe perdeu sonoridade. Estou desconfortável, esta viagem está a ser muito lenta.
E depois, o costume. A voz da minha mãe voltou a aumentar de tom e agora está a chamar por mim, chegamos. Merda de vida, adormeço sempre só em Campanhã.
Ajeito a saia, traço a capa. São 7 e 10 e atravesso os Aliados, já com um sorriso. O comboio das 6 e 29 ficou para trás. Afinal, a única coisa boa que tem é que voltou a trazer-me onde eu pertenço. A partir de agora, tudo faz mais sentido.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sou como as ondas do mar,

Ninguém me pode agarrar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Foi de repente.

Já não vestimos de azul.
Já não usamos sapatilhas coloridas.
Já temos todos padrinhos e madrinhas.
Já fomos à serenata.
Já temos uma semente no bolso do lado do coração.
Já passou a quinzena.
Já vestimos de preto dias e noites seguidos.
Já rasgámos dezenas de meias.
Já ouvimos bocas. “ Menina, também fiquei viúvo”. E já sabemos responder.
Já abafámos risos, já limpámos lágrimas.


Já fomos, já somos, ainda seremos. Até ao fim, seja ele quando for.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009



"Nunca quis saber
Nunca quis acreditar
Que irias partir
Não podias cá ficar
Nunca quis escutar
E muito menos quis ouvir
O teu silêncio que avisava
A intenção de não voltar"



Não foi escrita por mim, mas podia ter sido.

sábado, 3 de outubro de 2009

Um projecto em que acredito.


O amor por esta terra, o gosto pelo desenvolvimento sustentado, fazer bem as coisas que tem de ser feitas, fez com que este grupo de pessoas se unisse, para devolver Fonte Arcada a todos os fontearcadenses.
Está na hora de privilegiar a experiência e a honestidade. Está na hora de, de uma vez por todas, castigar quem tanto errou e mudar. Fonte Arcada não precisa mais dos autarcas inexperientes e desonestos, criticados abertamente nos principais órgãos de comunicação do concelho e do distrito, que transpareceram uma péssima imagem da nossa freguesia.

Fazer do voto um voto em Fonte Arcada. Vota Domingos Campos, vota PS.
POR AMOR A FONTE ARCADA.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Um cordão umbilical eterno.

Primeiro foi conhecer. Depois foi aprender a gostar. Gostar muito. Foi admirar. Foi querer ser como ela. Foi sorrir ao ouvir a voz doce. Foi ganhar força com o eco do toc-toc dos sapatos dela. Foi perceber que não havia outra escolha possível. Foi saber que ela era fortaleza, tanque de guerra, determinação, convicção, inteligência, alegria. Foi achar o jeito dela o mais gracioso do mundo. Foi gostar. Gostar muito.
Hoje, é a certeza do abraço presente, do carinho, do sorriso, da mão estendida. É o respirar fundo, fechar os olhos e sorrir, porque tenho a melhor madrinha que alguém pode ter. Hoje, como sempre, é acreditar que ela é grande, enorme. E eu vou guardá-la no bolso daquele casaco preto, embrulhada em saudade.





Juro, vou seguir os teus passos, até onde eu for capaz.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pedra filosofal, ou o coração a acelerar.



Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
Quase*

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O amor nos tempos de cólera

"Florentino Ariza, pelo seu lado, não tinha deixado de pensar nela nem por um instante desde que Fermina Daza o recusou sem apelo nem agravo ao fim de um namoro longo e contrariado, e desde então tinham passado cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias."
"Era a primeira vez que fazia amor em mais de vinte anos e tinha-o feito embargada pela curiosidade de sentir como podia ser na sua idade, após um retiro tão prolongado. Mas ele não lhe dera tempo para saber se o seu corpo também o queria. Tinha sido tão rápido e triste e ela pensou: "Agora é que está tudo fodido." Mas enganou-se (...) Não voltaram a tentar fazer amor senão muito depois, quando lhes chegou a inspiração sem que a procurassem. Bastava-lhes a felicidade de estarem juntos."
"- E até quando pensa o senhor que podemos continuar neste ir e vir dum caralho? - perguntou-lhe.
Florentino Ariza tinha a resposta preparada há já cinquenta e três anos, sete meses e onze dias, com todas as suas noites.
-Toda a vida- disse."



Há uns tempos, pedi à minha mãe que me comprasse " Cem anos de solidão", de Gabriel García Marquez. Pareceu-me uma leitura adequada aos tempos mortos das férias e calculei que um Prémio Nobel não iria desiludir. Depois de olhar para a estante com cara de quem que conhece a filha que tem, a minha mãe lá foi à Fnac.
No dia seguinte, em cima da cama, tinha o García Marquez. O livro, pois claro. Mas, em letras gordas tipo capa de DVD, estava escrito " O amor nos tempos de cólera". Pois que o outro estava esgotado e só no GaiaShopping, e já que este é do mesmo autor, o senhor da loja tratou de convencer a minha mãe.
Mas que raio de sorte a minha, agora ter de levar com mais uma história de amor lamechas, deprimente e com final feliz, igual a tantas outras. Comecei a ler, à falta do que fazer. No final do segundo dia já tinha devorado mais de cem páginas.
Envolvente, sarcástica, rica, apaixonante. A escrita de García Marquez preenche mais do que os requisitos necessários para ser um Nobel. É única, viciante.
A história de Fermina e Florentino, o seu enredo contrariado durante mais de cinquenta anos, o amor utópico que ele sente por ela, a forma como o autor descreve os seus (des)encontros da juventude e a paixão arrepiante e arrebatadora que os tomou na velhice, torna " O amor nos tempos de cólera" um dos melhores livros que eu já li.
Durante as linhas das 385 páginas desta obra, que só não li de um sorvo porque os grandes prazeres querem-se trincados aos bocadinhos, para retardar o final, também eu senti fazer parte de uma história que, agora, já não me parece um romantismo à moda do Titanic, mas antes uma ode ao verdadeiro amor: eterno e inquebrável.
Eu aqui, me confesso apaixonada.

sábado, 22 de agosto de 2009

Portugal, um país perto de Espanha.

Há dias em que me surpreende uma incontrolável pena de viver neste país de gente corrupta, onde o pobre é preso por querer comer e o rico malfeitor e mentiroso vive numa casa de cinco assoalhadas e viaja em paquetes de luxo no mar das Caraíbas, neste país onde as estradas são assassinas impiedosas e morrem às centenas de cada vez, onde se bebe até cair porque conduzir com os copos não tem mal nenhum e a viagem nem é longa, por isso não vale a pena sequer usar o cinto. Este país onde ler um livro é coisa de gente que não tem mais o que fazer, onde se diz que ser culto é caro e as Just Girls enchem o Campo Pequeno. Tenho pena de viver no país que já se está a lixar para os brandos costumes, cada qual que se safe sozinho e olhar para as necessidades do vizinho nem pensar, que não precisamos dos outros para nada. Um país onde se trabalha muito e se produz pouco, em que as horas do trabalho são aborrecidas e mais vale aproveitar para pintar as unhas, um país onde é melhor comprar a crédito do que poupar e onde o salário mínimo estica como pastilha elástica.
Às vezes, tenho vergonha de viver neste país do deixa andar que logo se resolve, daqui a uns anitos talvez, onde se fazem estádios de milhões para clubes da segunda divisão e os telhados dos centros de saúde caem na cabeça dos utentes. O país dos 19 de média para entrar em medicina, onde somos atendidos por médicos espanhóis, brasileiros e ucranianos. O país que mostra a sua melhor faceta nos programas de televisão, que lindo, somos tão solidários, comovemo-nos com tanta facilidade, mas vai se a ver e não damos um abraço à nossa mãe desde que desmamámos. O país dos incêndios no Verão, das cheias no Inverno, das cunhas, tanto jeito que fazem e quem me dera ter uma. Um país de mamas XXL, que quem as tem deve passar fome durante um ano para as poder pagar, o país do “ quero um carro como o do Ronaldo, uma casa como a do Ronaldo, a namorada do Ronaldo”, que se lixe se ele ainda não aprendeu, como a maioria dos portugueses, que não se diz “ recebestes”, ou “hades”.
Enfim, a vergonha do país onde o desemprego desce uma décima num ano, que alegria, e todos batem palmas e penduram bandeiras nos parapeitos das janelas, já que é cá que vivemos e não se arranja melhor, pelo menos fingimos.
Uma país de merda. Mas, atenção: uma merda rotulada.

domingo, 2 de agosto de 2009

a colónia


"Somos responsáveis por aqueles que cativamos", Antoine de Saint-Exupéry, em O Principezinho

Este ano, fiquei com o grupo dos mais pequeninos, tal como queria. Vou ter à minha responsabilidade 10 pequenos dos 6 aos 8 anos, e mais trinta até aos 12. A rotina é a do costume: levantar, pequeno almoço, praia, almoço, actividades lúdicas (mais conhecida por "hora Kosovo"), mais praia e gelados, voltar à escola, dar banho aos meninos, jantar, lavar os dentes, ver a novela, deitar os meninos, os meninos a dormir e nós a comer as bifanas do Quim. Não vou em trabalho, vou em dedicação.
No final, tal como no ano passado, sei que vou trazer uma mão cheia de sorrisos e o sentimento de missão cumprida.
Agora vou ver se me sento em cima da mala, que a estúpida não fecha. Até parece que levo tralha a mais para 10 dias. Até parece.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Decididamente, culpado.



"Jornalistas", SIC, 1999
Eu só tinha 9 anos. E eu gostava de escrever, de pesquisar, de descobrir.

Pode não ter sido a força motriz, mas foi, sem dúvida, o início da paixão. Se voltasse a passar, dez anos depois, eu veria com os mesmos olhos de menina apaixonada e sonhadora, e continuaria a dizer que, um dia, quero ser como eles.


sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sexta feira, treze.

Tocou. Ela foi a primeira a sair da sala. Já tinha arrumado a caneta azul no estojo e fechado o caderno e o livro de exercícios de Matemática, muito antes da professora o permitir. E os ponteiros do relógio teimavam em não cumprir o seu dever. Ela estava cansada de ouvir falar de estatística e de métodos com nomes estranhos: além de detestar Matemática, sabia que nada disso lhe seria útil. Aquilo que ela realmente precisava não estava naquela sala, nem naquele piso.
Tocou. Levantou-se e sorriu para a companheira de mesa e de todas as horas. Não era preciso dizer mais nada, ambas já se tinham habituado à nova rotina dela.
Enquanto tentava furar entre a multidão ruidosa, passou os dedos pelos caracóis, puxou a camisola cinzenta, aquela que ficava bem com o cinto preto dos brilhantes. Finalmente, conseguiu chegar às escadas e desceu. O coração batia a um ritmo alucinante, como se aquele fosse o primeiro dia. Sorria sozinha com toda a vontade e se achassem que era maluca, estava-se a lixar. Afinal, tudo o que mais importava estava mesmo ali, encostado à porta da sala de Informática. Este ritual repetia-se todas as sextas feiras, no intervalo das dez. Ela descia as escadas e ele, de braços abertos, envolvia-a num abraço protector, cobria-a de beijos e dizia-lhe coisas bonitas ao ouvido, que só ela podia saber. E todas as sextas feiras, no intervalo mais movimentado do dia, não havia mais ninguém naquele corredor. Só ela e ele.
Ela desceu as escadas e sorriu quando o viu encostado na parede, à espera dela. Mas, naquela sexta-feira, não encontrou o abraço protector, não teve direito aos beijos salgados e a única coisa que ele lhe disse ao ouvido foi um amargo “ temos que falar”.
Ela sentiu um arrepio a percorrer-lhe o corpo todo. Algo não estava bem e não era coisa boa a que aí vinha, disso tinha a certeza. Deram as mãos e caminharam juntos, num silêncio sepulcral.
Nuns segundos que pareceram horas, ela fez força e tentou acreditar que ele só lhe ia contar alguma coisa mais grave, mais séria. E que iam ficar juntos para sempre, como tinham prometido. E que aquele ramo não ia murchar, não podia.
Sentaram-se juntos a uma distância tão grande que era impossível tocarem-se. Ele, com um discurso preparado, só conseguiu dizer a primeira frase. Ela, sem verter uma única lágrima, conduziu o resto da conversa. No fundo, estava a concretizar-se aquilo que ela sempre temeu, aquilo que ela nunca quis acreditar que pudesse acontecer. Por isso, rapidamente terminou aquele tormento, não podia ouvir mais. Uma última troca de olhares. O dele de pena e o dela de raiva.
Correu para lugar nenhum, foi contra as pessoas, deu pontapés em caixotes do lixo. E, assumidamente fraca, deixou cair as lágrimas. Tentou acreditar que fosse um pesadelo e que, depois de acordar, correria de novo para os braços dele.
Quando a noite caiu, despiu a camisola cinzenta que ele tanto gostava e chorou. Hoje, lembra-se de ter chorado dias a fio, quase sem parar. A dor no peito era forte, como se estivessem a apertá-la com molas, a picá-la com mil agulhas finas. Mal ela sabia que o pior ainda estava para vir. Aquilo que ele não teve coragem de lhe contar naquele dia.
Que o tempo tudo cura, que tudo passa, que os amores vão e voltam, nisso ela não acreditava. Afinal, um grande amor, por muito que se tente esquecer e se acredite que se esqueceu, dura uma vida. Uma vida inteira.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Liberdade.


Ai que prazer

Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa.

sábado, 27 de junho de 2009

Mão na mão*

Abraço. Compreensão. Amizade. Segredos. Partilha. Risos. Lágrimas. Promessa. Mão na mão. Um sentimento inexplicável, desde o primeiro dia.
Porque acreditas mais em mim do que eu própria, porque tens sempre as palavras certas mesmo quando eu não estou à espera, porque me tornei canha contigo e porque eu também acredito em ti, mais do que possas imaginar.


Só contigo faz sentido, não te esqueças. Adoro-te.








P.S: Não penses que é por isto que te perdoo todas as vezes que te tornaste insuportável com o trabalho de Design. <3

segunda-feira, 22 de junho de 2009

E Agosto, demora a chegar?

Três imagens que dizem mais do que todas as palavras da Constituição de 1822.

Alguém partilha isto comigo? hum? anyone? -.-"




domingo, 21 de junho de 2009

Cronicando

Olho pela janela pequena, à minha frente. É Outono e já chove. Vejo as nuvens cinzentas a correr no céu e depressa fica escura, esta manhã de Novembro. Vejo guarda chuvas abertos, formando um manto colorido passeio acima, e vejo as pernas das pessoas debaixo deles, que cada vez se apressam mais porque a chuva de hoje parece que vai ser daquelas sérias que, quando as há, as ruas desta cidade ficam desertas e tornam-se propriedade absoluta e legítima das gaivotas que as sobrevoam.
Estou numa enfadonha sala de espera de um consultório médico à espera de vez para uma consulta no dentista. Calculo que seja a quarta no espaço de um mês. Não percebo que raio de íman usam estes seres de bata branca e broca na mão para atraírem o resto do Mundo: basta uma vez e já não há remédio: fica sempre algo para tratar numa próxima consulta.
Estou aqui há séculos. A senhora ao meu lado fala para outra, dois lugares adiante:
- O meu marido, que Deus o tenha, acompanhava-me sempre às consultas. Nunca faltou ao trabalho, nunca disse palavrões e até era um bom sogro. Vendia saúde, e deve tê-la vendido mesmo até se esgotar, porque naquela malfadada noite quis usá-la e não a encontrou em lugar nenhum.
Pelo meio da conversa, uma ou outra referência à taberna de um tal Senhor Silva e a algumas madrugadas findadas com um estrondoso bater da porta, um bafo insuportável e um olho negro. Fora isso, o finado marido da senhora ao meu lado era um santo. Talvez esteja, neste preciso momento, sentado numa nuvem a tocar harpa, enquanto ouve a conversa terrena da mulher. (Espero que não haja tabernas nem Senhores Silva no Paraíso).
A cadeira da sala de espera, onde eu já vou ganhando raízes, situa-se perigosamente perto dos balcões de atendimento, de tal forma que desliguei da conversa melancólica daquela senhora e desloquei o meu foco para o outro lado. As funcionárias discutiam as extensões do cabelo de uma colega, que exibia o seu novo penteado como se de um Prémio Nobel se tratasse. As extensões foram aprovadas por consenso geral, e fiquei também a conhecer o motivo de tal mudança de visual e de tantos euros gastos: o namorado achava que ela devia esforçar-se para parecer mais sensual.
Como as actrizes pornográficas – pensei com os meus botões. E logo surgiu perante mim a imagem de um homem com o último botão da camisa aberto e a palitar os dentes, que já estão da cor do semáforo do meio, enquanto enrola o bigode.
Olho pela milésima primeira vez para o relógio de parede, numa tentativa infrutífera de dissolver aquela imagem medonha. A senhora ao meu lado roda a aliança, recordando o seu querido marido morto e eu vou imaginando a das extensões em poses sensuais, com certeza difíceis de conseguir para um ser tão esguio e com uma verruga no queixo.
Concluo que tudo o que existe termina numa sala de espera, e o Mundo aguardará vez, enquanto existirem rostos sem sorrisos e mulheres com extensões, cuja bagagem cultural se mede pelo conhecimento de poses sensuais e uma gama policromática de vernizes para as unhas.
Catarina Campos, Novembro de 2008.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

É a gozar, certo?

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Portugal, um país democrático desde 1974. Só que às vezes é a dobrar.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Sem título.

O sonho de há um ano está demasiado real. E demasiado pesado. Percebi-o quando perdi motivação, quando fui dormir com coisas por fazer e quando tive saudades do eu que eu era.
A minha vida parece suspensa e prestes a rebentar. Não como um balão, mas como uma almofada de penas. Demasiado suave, demasiado leve, demasiado "sem ter os pés assentes na terra", como sempre foi.
E se um dia eu disser que... Não, hoje não.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Antes do previsto, o cansaço.

Se há coisa de que estou certa é que daqui a umas (poucas) horas,a distância entre a minha cama e a porta da rua vai ser o maior percurso do mundo.





Vou dormir. Hoje é outro dia. E também tem 24 horas.


Adeus.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Muitas palavras verdadeiras...

Foram ditas a brincar.
" Os últimos dez anos do curso regular podiam ser proveitosamente usados na aquisição de um conhecimento prático de cortar achas de lenha, cozer feijões, fazer camisas, dar duplos saltos mortais, pregar o Evangelho (...), prosódia, costurar, música, dança, escultura, etiqueta, engenharia civil, artes decorativas, calcinação, ciclismo, basebol, botânica, póquer, ginástica, direito internacional, jogo do faraó, conduzir mulas, engessar, correr touros com varas, etc. etc. etc.
Aos 95 anos, o estudante de jornalismo deverá ter perdido esse estilo selvagem, descuidado e impulsivo tão comum entre jornalistas mais novos e menos experientes. Ele sairá da escola com um coração leve e uma bagagem de conhecimentos cheia até cima das mais úteis informações. "

Bill Nye, em The Penguin Book of Columnists

domingo, 24 de maio de 2009

Problema de expressão

Queria escrever qualquer coisa acerca desta foto, acerca de vocês. Mas ainda não inventaram as palavras. Orgulho seria escasso, sentimento seria incompleto, gostar seria limitado.

O muito que vos poderia dizer seria sempre pouco.


Juntos seremos aquilo que quisermos.

domingo, 17 de maio de 2009

As saudades que eu já tinha.

Nos últimos meses quase já não te conheço. Na verdade, tenho passado cá muito pouco tempo, talvez só as noites, em casa.
Hoje percebi que a mudança radical na minha vida me fez perder o teu crescimento. Da janela do carro, vi prédios novos, lojas que não estavam ali, restaurantes sofisticados. Vi um empreendimento com campo de ténis e piscina que parece que é dos melhores das redondezas.
-" Já abriu há tanto tempo, Catarina!"
Vi aquele edifício, ao qual eu já não posso chamar escola, a minha escola. Porque já não pude ver os pavilhões velhinhos, gelados, onde chovia. Vi as gruas, os ferros, os contentores. Parece que vai ser a escola do futuro. Eu preferia que fosse apenas e sempre a minha escola: velha, pequena demais para nós, acolhedora e nossa. Sim, já não me lembro da última vez que lá fui, por isso, acaba aqui. Já acabou.
O Sameiro, jardim de todos os amores. E de todos os charros. Lembrei os beijos, as juras de amor eterno. Aquelas árvores que guardam tantos segredos. Nossos. Deles. De tantos.
O Nova Onda. O Cinemax. O Arquivo Municipal. As lojas dos chineses. O Jardim dos Namorados. O Cantinho da Moninha e as sandes de frango. O Etcetera. E etecetera.
Lembrei e tive saudades.
No fim, senti que guardas memórias demais, sentimentos demais, lágrimas demais, sorrisos demais e vida demais para que eu, algum dia, te possa esquecer.












Descobri um Porto, mas o abrigo de tantas vezes... foste tu.
Cidade da pena. Mas da pena fiel.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Há dias...

em que nenhum sorriso consola,
nenhuma palavra aquece o coração,
nenhum gesto ilumina o momento.


Há dias em que não consigo ser eu.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Miguel*


Lembro-me de te ir ver na véspera do teste História. Eras tão pequeno, tão frágil que tinha medo de te pegar.
Dormias sossegado no meu colo, enquanto eu admirava a tua perfeição tão simples, as linhas tão ternas do teu rosto. Contemplei as primeiras horas da tua vida e guardei-as num sopro de eternidade.
Hoje, esticas os braços quando me vês, tens dois dentes, insistes em deitar fora o chocolate que te dou, sabes chamar pelo Zé ( que por acaso é o teu pai), gatinhas todos os espaços possíveis e os improváveis, abres as gavetas, és irrequieto até apetecer matar-te de abraços.
És quem eu levarei nos braços, para sempre.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sweet child o' mine.



Cresce, mas não deixes de correr para os meus braços todos os Domingos. Cresce, mas não deixes de me dar aqueles abraços tão apertados.
Quereres construir-te à minha imagem é o maior orgulho da minha vida.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Um eterno obrigada*

I wonder, if I ever let you down
Did you keep on moving
I wonder, when
I took my feet from off your ground
Did you keep on going
If you ever need me, just remember
All the times when we wandered free
If you ever miss me, don't you know
That i feel the same way
I wonder, did I ever fail you
Did you give up dreaming
I wonder, when I had to go
Did you stop believing
Don't you know, every sould must grow older
Our past belongs to you
And it should make you stronger
If you ever need me, just remember
All the times when we wandered free
If you ever miss me, don't you know
That I feel the same way
Don't stop moving, you must keep on going
Don't you stop believing, you should go on dreaming
Don't stop moving, you must keep on goingDon't you stop believing,
'Cause it's people like you make the world go...
If you ever need me, just remember
All the times when we wandered free
If you ever miss me, don't you know
That I feel the same way
If you ever need me, just remember
And I'll always be there
If you ever miss me, don't you know...don't you know...
we will meet again...we will meet again.



Cover Sleeve - Coldfinger




É sempre mais do que eu sei dizer....

sexta-feira, 13 de março de 2009

Little Things

The little things you do to me
Are taking me over
I wanna show you
Everything inside of me
Like a nervous heart that
Is crazy beating
My feet are stuck here against the pavement
I wanna break freeI wanna make it closer to your eyes get your attention before
You pass me by
Back up, back up take another chance
Don't you mess up, mess up I don't wanna lose you
Wake up, wake up
This ain't just a thing that you give up, give up don't you say
That I'd be better off better off sitting by myself
than wondering if I'm better off, better off without you.

*

sexta-feira, 6 de março de 2009

Carta a Penafiel*

No início, quando tudo era ainda muito vago, quando ainda me perdia dentro do grande edifício e antigo, que hoje me parece pequeno, como uma casa, quando olhava para rostos fechados em corpos que partilhavam a mesma sala, nesse início, eu era um nada, porque não sabia nem um milésimo de tudo.
Quando entrei, pela primeira vez, nesse edifício, hoje casa, ávida de devorar tudo com o olhar, de falar de conhecer e de partilhar, eu estava perto e estava longe. Perto de pessoas que se tornaram um alicerce fundamental na construção da minha personalidade e longe de o poder entender.
Os dias, os meses e os três anos sucederam-se a um ritmo que eu não fui capaz de acompanhar. Durante o tempo, escasso tempo, que passei na minha casa, que é a Escola Secundária de Penafiel, mais do que aprender e assimilar conhecimentos, cresci. Moldei a minha personalidade de mão atada com aqueles que foram essenciais e, sem os quais, eu seria ainda pequena, como o era no primeiro dia.
Na minha casa, tive o privilégio de ter uma família; pessoas que não me deixaram cair, que partilharam comigo alegrias, tristezas, angústias, lágrimas, gargalhadas… Pessoas que me transmitiram uma lição de vida, a cada dia.
Assim é a minha família. Assim é a minha casa.
Diz-se que só damos valor a algo quando perdemos. Cliché? Frase feita? Realidade.
Hoje, continuo o meu caminho e prossigo com o meu crescimento. Voltei a entrar num edifício estranho e vejo, todos os dias, rostos com os quais, até há pouco tempo, não me identificava, mas que agora começam a fazer sentido e a ganhar importância. É impossível negar que estou a formar uma nova família. Mas esta família nunca irá substituir aquela que Penafiel viu nascer e estará sempre presente.
Quando subi ao palco da escola, para receber o meu diploma de finalista, não pensei no papel que me estava a ser entregue e esqueci-me do Mundo à volta, da angústia que já sentia com a aproximação da divulgação dos resultados das candidaturas… Naquele momento, quando ouvi pronunciar um mágico “12ºI”, só pensei nas pessoas que se levantaram e caminharam comigo em direcção a um futuro, mais do que em direcção a um palco. Foi naquele momento que tive vontade de dizer a todos o tamanho do orgulho que sinto por tê-los conhecido e por ter partilhado com eles um pedaço importante da minha vida. Foi naquele instante que pensei nos que lá não estavam fisicamente, e os senti presentes dentro de cada um de nós. E, se me é permitido falar no plural, todos pensamos em pessoas cruciais às quais é impossível dizer adeus, porque os laços estão demasiado apertados…
Vocês, que ainda estão nessa casa, que ainda podem olhar para o rosto daqueles que fazem parte da vossa família todos os dias, aproveitem cada momento, esforcem-se e lutem para que a casa de todos nós permaneça assim, feliz e unida.
Levo-vos comigo para a vida.

Boca do Inferno

"A melhor maneira de lançar Portugal no caminho do desenvolvimento não é ouvir os portugueses, é ouvir os noruegueses"

Ricardo Araújo Pereira
E não é que o Gato tem razão?! Vivem no meio do gelo, mas sabem o significado da palavra desenvolvimento.

Sou

Catarina
Família
Amigos
Ler
Jornalismo
Âncora
Mar
Areia molhada
Fonte Arcada
Amar incondicionalmente
Mano Gonçalo
Júnior e Tobias
Baía
Rir até doer a cabeça
Emoção a qualquer instante


Sou o intervalo entre a sensibilidade e a razão.