quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Coisas que eu aprendi este semestre

- Não tenho jeito para fazer entrevistas e o Hélder Bastos não gosta da Pipoca mais doce;
- Quando toda a gente gosta de um texto que escrevo, eu detesto-o;
- Aristóteles formulou a Teoria Hilemórfica, que consiste em conjugar a forma com o conteúdo (!);
- La cronica taurina: La matización terminológica es especialmente aplicable el mundo de los toros (-.-");
- "O jornalista deve ser verdadeiro, transparente e amigável com a fonte" ( e dar um bolo rei no Natal, não?!)
- O Vasco Ribeiro é a pessoa mais querida do Mundo ( quando ele corrigir o meu exame venho cá mudar isto, prometo);
- Pensar em seguir a vertente assessoria foi a ideia mais estúpida que tive em quase dois anos de curso ( mesmo que tenha durado não mais do que 5 minutos);
- A ligar uma base de dados com um site, tudo feito de raíz, com HTML, CSS, Access, Dreamweaver, SQL e Masters ( not!);
- Que engenheiros informáticos não sabem como fazer o meu trabalho de Comunicações Digitais e Internet vertente... engenharia (!!!) e é suposto eu saber;
- Passar horas a fio na faculdade a olhar para um computador como se tivesse que fazer uma operação delicada pode ter efeitos devastadores;
- O melhor remédio para desanuviar tensões em momentos críticos é ir de elevador até ao 5º andar e voltar.
- Analisar as fontes de centenas de notícias do Público é um risco de saúde pública e afecta gravemente a condição mental/psicológica/emocional dos indivíduos, tornando-os pessoas agressivas;
-Produtividade = PIB / trabalhadores = 170 000 000 000€ / 5 000 000 = 34 000€/trabalhador
PIB = emprego x produtividade 101 = 100 x 101 101 = 101 x 100 100 = 100 x 100 (???)

Um semestre muito produtivo.




terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Manuel Alegre


Sempre simpatizei com o Manuel Alegre. A imagem do senhor distinto de barbas nunca me foi indiferente, tanto pelo homem-poeta como pelo homem-político.
Manuel Alegre parece-me ser alguém que faz as coisas intensamente e eu gosto disso. Gosto de pessoas que podem suportar o peso da derrota, mas não podem viver sem travar a batalha. Gosto da entrega, da coragem, da ambição. Não sei se irá impor valores demasiado à esquerda, nem se o PS o vai apoiar, mas restam-me poucas dúvidas de que é de um Presidente com as características de Manuel Alegre que Portugal precisa urgentemente.
Tenho em Alegre a imagem do democrático, do lutador, do idealista e do sentimentalista. A imagem de um homem que nunca desistiu de Portugal e que está disposto a continuar a lutar. A imagem de um senhor que surge, não só nos momentos de glória nacional, mas principalmente quando o país mais precisa. Foi assim antes do 25 de Abril e é assim hoje.
Manuel Alegre é o único político da esfera política portuguesa que menos se assemelha à reprodução convencional do político economista, demagogo, frio e calculista e eu gostava muito que ele fosse o nosso presidente.

"Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não. "

domingo, 3 de janeiro de 2010

A Fonte que secou

Viver numa aldeia pequena com verde até perder de vista, um rio e o chilrear de passarinhos é o sonho de muitos citadinos, cansados da azáfama ruidosa das cidades.
Eu vivo numa aldeia pequena desde sempre. Tenho a sorte de abrir a janela do quarto e ver uma natureza imensa, uma quantidade sísmica de vibrações de ar puro, de chilrear de pássaros, de correr de água. Posso sair de casa e dizer bom dia a pessoas que me conhecem desde que nasci e ainda me chamam pelo nome da minha mãe até, um minuto e trinta segundos depois, estar sentada no sofá da minha avó, a comer sonhos e rabanadas e a ouvi-la dizer constantemente que eu sou a moça mais bonita da freguesia, enquanto os sonhos e as rabanadas vão descendo até às ancas.
Tive sempre um enorme orgulho por ter nascido e crescido em Fonte Arcada. Conheço os caminhos e os lugares como as palmas das mãos e sempre fiz tudo para ajudar, à minha maneira, ao crescimento da terra: abdico de dias de férias para trabalhar em colónias, perco horas de estudo em reuniões, perco anos de vida em preocupações.
Mas o crescimento faz-se na cooperação com pessoas e, nos últimos tempos, as da minha terra, da terra que me viu crescer, tem-me desiludido de uma forma tão intensa que conseguiu destruir o encanto de Fonte Arcada.
Sempre soube que, num meio pequeno, as conversas giram em torno da vida alheia. As pessoas preocupam-se, 24 horas por dia, em atirar pedras, quando têm telhados de cristal. Acordam e adormecem a falar mal do vizinho e estou convencida de que nem nos sonhos interrompem a árdua tarefa de denegrir, gozar, humilhar e rebaixar quem, muitas vezes, não merece.
Hoje apercebi-me de que as pessoas de Fonte Arcada evoluiram. Agora, já não o fazem com os cúmplices e em segredo. Fazem-no descaradamente, no meio de dezenas de pessoas. Hoje, alguém gozou com o meu avô enquanto os restantes já não escondiam a gargalhada. Eu estava a um metro de distância, mas limitei-me a sorrir interiormente; eu sei que, nesta terra, rir dos outros serve para esconder as próprias fragilidades e dificuldades. É sempre mais fácil colocar a máscara do forte, do inabalável. Confere.
Os meus amigos de infância transformaram-se em desconhecidos, com quem a convivência é quase uma obrigação, porque nos separa uma freguesia dividida por uma cor política, um jogo de interesses em que as peças são cabeças que rolam, em que se faz batota sem pesos de consciência e o prémio é atribuído ao falsificador, que pouco mais tem do que a aparência das palavras com que se autovaloriza.
Fonte Arcada está cinzenta. E eu penso que, um dia, quando a avó, o avô, a prima São e a tia Glória já cá não estiverem, não vai sobejar mais nenhum motivo para ficar.