sexta-feira, 19 de março de 2010

O assunto é tão assustadoramente estúpido que não me ocorreu um título adequado

O estereótipo da mulher boazona, com um par de mamas enchidas a hélio por uma orgia de deuses do Olimpo não ofende a feminista que há em mim, não me desperta um desejo absurdo de empunhar um cartaz a condenar a imagem permanentemente veiculada da mulher corpo, da mulher peito, da mulher objecto sexual, da mulher preconizada como um símbolo erótico e descartável. Estou-me a lixar para o cliché da mulher corpo são, cérebro oco (ou inexistente e dispensável, segundo os senhores da Super Bock.)
O que realmente me ofende, aquilo que me deixa capaz de ir para a rua, qual Carolina Beatriz Ângelo, é a estupidez crónica que infelizmente perdura nas mentes luminosas e superiores de certos senhores e senhoras publicitários.
Da primeira vez que olhei com atenção para esta publicidade, em ponto grande numa paragem de autocarro, ocorreu-me questionar o porquê de não conter também um belo exemplar do sexo masculino, com boxers de recheio aparentemente generoso, com uns abdominais definidos e peitorais à Pitt. Ou por alguma eventualidade eu, consumidora de cerveja, me devo sentir atraída por uma gaja com as mamas a rebentar dentro de um robe? Deveria, porventura, sentir-me tentada a puxá-lo para me satisfazer de dois prazeres? I dont think so.
Os senhores da Super Bock não conhecem o conceito de público-alvo. Os senhores da Super Bock não fizeram nada para, em pleno século XXI, inovar e inverter os padrões anacrónicos da sociedade portuguesa. Os senhores da Sagres vão acabar por vencer o eterno duelo. E à custa da publicidade.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Se eu soubesse

voltar a encontrar-me sem me perder.
Se eu soubesse
sorrir hoje, mesmo sem me apetecer.
Se eu soubesse
não ser transparente
Se eu soubesse
Que as palavras são assassinas
Se eu soubesse tudo isto
sorria sem me apetecer
encontrava-me sem me perder
e só falava de coração vazio.