O estereótipo da mulher boazona, com um par de mamas enchidas a hélio por uma orgia de deuses do Olimpo não ofende a feminista que há em mim, não me desperta um desejo absurdo de empunhar um cartaz a condenar a imagem permanentemente veiculada da mulher corpo, da mulher peito, da mulher objecto sexual, da mulher preconizada como um símbolo erótico e descartável. Estou-me a lixar para o cliché da mulher corpo são, cérebro oco (ou inexistente e dispensável, segundo os senhores da Super Bock.)
O que realmente me ofende, aquilo que me deixa capaz de ir para a rua, qual Carolina Beatriz Ângelo, é a estupidez crónica que infelizmente perdura nas mentes luminosas e superiores de certos senhores e senhoras publicitários.
Da primeira vez que olhei com atenção para esta publicidade, em ponto grande numa paragem de autocarro, ocorreu-me questionar o porquê de não conter também um belo exemplar do sexo masculino, com boxers de recheio aparentemente generoso, com uns abdominais definidos e peitorais à Pitt. Ou por alguma eventualidade eu, consumidora de cerveja, me devo sentir atraída por uma gaja com as mamas a rebentar dentro de um robe? Deveria, porventura, sentir-me tentada a puxá-lo para me satisfazer de dois prazeres? I dont think so.
Os senhores da Super Bock não conhecem o conceito de público-alvo. Os senhores da Super Bock não fizeram nada para, em pleno século XXI, inovar e inverter os padrões anacrónicos da sociedade portuguesa. Os senhores da Sagres vão acabar por vencer o eterno duelo. E à custa da publicidade.
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